Mamografia, classificação
Classificação Mamografica - BI-RADS
BI-RADS (Breast Image Reporting and Data System) é o nome de
um sistema padronizado, criado nos Estados Unidos, utilizado para
uniformizar os relatos de radiologia quando se analisam as imagem de
mamografia. O BI-RADS foi criado pelo trabalho conjunto entre o
Colégio Americano de Radiologia, o NCI (National Cancer Institute), o CDC
(Centers for Disease Control and Prevention ), a FDA (Food and Drug
Administration), o Colégio Americano de Cirurgiões e o Colégio Americano de
Patologistas.
A intenção por trás da criação e do uso do BI-RADS é uniformização
e a padronização dos laudos de mamografia, sujeitos a confusão na interpretação
de resultados quando se utilizam critérios puramente descritivos. Por exemplo,
no relato de uma mamografia em que apareçam microcalcificações agrupadas, o uso
do BI-RADS pode facilitar a compreensão, entre os não-radiologistas e
mastologistas, do significado clínico do achado radiológico. Na prática clínica
diária, o BI-RADS fornecido pelo radiologista é uma ferramenta importante para
separar as lesões consideradas benignas, as malignas e as suspeitas.
Além dessa função de utilidade na prática clínica imediata, o
BI-RADS serve como um controle de qualidade dos dados provenientes da
radiografia. Ao se acompanhar a evolução das pacientes por tempo suficiente
após feita a mamografia, existe a possibilidade de revisar a adequação do
diagnóstico radiológico prévio.
A Classificação de BI-RADS é dividida em um grupo de avaliações
completas (1, 2, 3, 4, 5 e 6) e uma avaliação incompleta (zero). A avaliação
incompleta requer exames adicionais, com incidências mamográficas diferentes
das duas incidências padrão (cranio-caudal e oblíqua-medio-lateral). Podem ser
necessários também filmes anteriores para comparação, ultrassom ou
ressonância nuclear magnética. Ainda em relação à classificação, alguns
profissionais têm como hábito atribuir um BI-RADS a cada uma das mamas. Por
exemplo, a mama direita pode ter um Bi-RADS 2 e a mama esquerda um BI-RADS 4. A
recomendação do Colégio Americano de Radiologia é de que, nesses casos, o laudo
do exame contenha uma avaliação final global e categorize o exame com uma
classe BI-RADS somente. No exemplo acima, o laudo mamográfico considera o exame
como BI-RADS 4. Da mesma forma, se houve uma avaliação incompleta para uma das
mamas (BI-RADS zero), e a mama contralateral é BI-RADS 2, o exame tem
classificação final BI-RADS zero.
Categoria zero
A categoria BI-RADS zero é utilizada em mamografias de
rastreamento quando imagens adicionais são necessárias ou quando é necessária
a comparação a exames prévios.
Categoria 1
A categoria BI-RADS 1 significa mamografia
negativa. Não são necessários comentários adicionais. As mamas são simétricas,
sem massas, distorções de arquitetura ou calcificações suspeitas.
Categoria 2
A categoria BI-RADS 2 significa mamografia
negativa, com achados benignos. Em relação ao risco de câncer, é idêntica à
categoria BI-RADS 1, mas nela, o radiologista opta por descrever achados
benignos característicos, cujo grau de precisão de diagnóstico através da
mamografia é grande. Nela, incluem-se fibroadenomas calcificados, calcificações
múltiplas de origem secretória, cistos oleosos, lipomas, galactoceles e
hamartomas de densidade mista.
Categoria 3
A categoria BI-RADS 3 é utilizada nas avaliações cujo resultado é
“provavelmente benigna”. Essa categoria não deve ser utilizada como um sinônimo
de exame indeterminado. As lesões que fazem parte dessa categoria mamográfica
devem ter, no máximo, 2% de risco de malignidade. Nessa categoria
incluem-muitas das lesões encontradas em primeiras mamografias ou em
mamografias que não têm exame prévio para comparação. As lesões que podem ser
corretamente classificadas como BI-RADS 3 incluem massas circunscritas e
não-palpáveis em uma mamografia inicial (com exceção de cistos, linfonodos
intramamários e achados benignos), assimetrias focais que diminuem ou
desaparecem à compressão, e grupamentos de calcificações puntiformes.
A mamografia BI-RADS 3 é um critério para que a paciente seja
acompanhada por novo exame mamográfico num período de seis meses. Caso esse
novo exame, que não necessariamente é bilateral, seja novamente codificado como
BI-RADS 3, e a lesão seja estável, repete-se o acompanhamento novamente em seis
meses, totalizando doze meses após o exame inicial. Se nesse décimo segundo
mês, o exame mamográfico permanece sendo BI-RADS 3, pode-se repetir o exame
doze meses depois, totalizando vinte e quatro meses do exame inicial. Caso a
achado mamográfico persista, a mamografia pode ser caracterizada como, a critério
do radiologista, como BI-RADS 2 - benigna - ou BI-RADS 3 - provavelmente
benigna.
Lesões ultrassonográficas classificadas como BI-RADS 3 incluem
cistos não-palpáveis complicados, ou massas ovaladas sólidas, hipoecóicas e
circunscritas que não são facilemente distinguíveis de cistos complicados. A
incidência de neoplasia maligna nessas lesões é menor do que 2%. Microcistos
agrupados sem um componente sólido também podem ser classificadas como BI-RADS
3.
Categoria 4
A categoria BI-RADS 4, lesão suspeita, inclui lesões na mama
que necessitam de avaliação histológica ou citológica adicional. Com o grande
número de lesões que é abrigada nessa categoria, foram desenvolvidas
subcategorias adicionais.
Categoria 4A: nessa
categoria incluem-se lesões que necessitam de intervenção mas cujo grau de
suspeição é baixo. Aí estão os cistos complicados que necessitam de aspiração,
as lesões palpáveis sólidas, parcialmente circunscritas, e que o ultrassom
sugere tratarem-se de fibroadenomas, ou um abscesso mamário. O seguimento
dessas lesões pode mostrar um diagnóstico anátomo-patológico adicional
comprovando malignidade, ou um seguimento semestral benigno.
Categoria 4B: nessa
categoria estão as lesões de grau intermediário de suspeição. As lesões nessa
categoria necessitam de correlação histopatológica. Caso o resultado seja
benigno, é necessária a concordância entre os membros da equipe envolvidos no
diagnóstico. Uma massa de margens indistintas, com algumas áreas circunscritas,
cujo resultado seja necrose gordurosa ou fibradenoma é um achado aceitável. No
entanto, um diagnóstico histopatológico de papiloma pode sugerir que se
prossiga a investigação com biópsia excisional.
Categoria 4C: nessa categoria estão os
achados de grau moderado, mas não clássicos (BI-RADS 5) de neoplasia. Nessa
categoria, encontram-se as massas irregulares e mal-definidas, ou novos
grupamentos de calcificações pleomórficas. O resultado anátomo-patológico das
lesões BI-RADS 4 esperado é o de neoplasia maligna.
Categoria 5
A categoria BI-RADS 5 é representada por lesões cujo resultado
anátomo-patológico, salvo exceções, é o de carcinoma de mama. Nessa categoria,
mais do que 95% das lesões representam câncer de mama, e os achados
radiológicos são os característicos das descrição clássica do câncer de mama.
Massas espiculadas, irregulares, de alta densidade, ou massas espiculadas de
alta densidade associadas a microcalcificações pleomórficas, ou calcificações
lineares finas dispostas num segmento ou linearmente estão incluídas na
categoria BI-RADS 5. Todas as lesões de alto grau de suspeição, mas que não
preenchem os critérios clássicos de câncer de mama, devem ser classficadas como
BI-RADS 4.
Categoria 6
A categoria BI-RADS 6 é definida para achados mamográficos já
biopsiados cujo diagnóstico anátomo-patológico é de câncer de mama, antes da
terapia definitiva. Por exemplo, ela pode ser usada para classificação dos
achados de uma mamografia de monitoramento após quimioterapia neoadjuvante, ou
para revisões diagnósticas de achados biopsiados.